quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Leitora de português em São Tomé sobre o lixo que ficou na praia

No jornal digital Tela Non publicou-se o seguinte artigo de opinião:

Há pouco mais de nove meses, cheguei a São Tomé. O que mais me encantou nesta terra, além das paisagens magníficas, foi o seu povo. Alunos, Vizinhos, Meninas que vendem as frutas no mercado, Colegas de trabalho, Funcionários do condomínio, Gerente do Banco, Amigos da Embaixada, enfim, conhecidos e desconhecidos que levam a vida com grande dignidade e alegria.
Mas, hoje, eu me entristeci muito com esse povo amado.
Desde que aqui cheguei, venho falando das belezas naturais, do paraíso que é São Tomé. Entretanto, o próprio são-tomense está tratando de minimizar isso.
Minimizar… Não quero pensar que está tratando de destruir!
Estive na praia dos Tamarindos agora, pela primeira vez neste ano e, portanto, primeira oportunidade depois da tradicional “lavagem do ano velho”.
Um contraste deprimente – o paraíso e o inferno. Paraíso das águas transparentes, cristalinas. Inferno da areia suja, dos mosquitos, do mau cheiro.
Havia tantas garrafas de vidro e plástico, latinhas, sacos plásticos e outros lixos na areia e nos locais de uso comum que se sentar tornou-se praticamente impossível.
Todo o lixo produzido nas festas de final de ano, ali foi deixado.
Os poucos que se preocuparam e jogaram seu lixo nos dois latões disponíveis na praia logo os lotaram. E o que não coube neles, depois se espalhou ao seu redor.
A faixa de areia tomada pelas ondas está limpa, o que é preocupante também, pois o mar “lavou” a sujeira e muita coisa levou consigo.
Ao entrar no mar, agora, além de termos cuidados com os ouriços – naturais e perfeitamente aceitáveis, já que estão em seu habitat – temos de nos preocupar com possíveis cacos das garrafas, latas enferrujadas que poderão nos ferir.
Estou decepcionada. A festa de lavagem do ano velho é linda, uma tradição, tem de ser levada adiante. Mas a consciência de que o ambiente é de todos deve ser cultivada.
Ao jogar uma garrafinha só na areia, estamos sujando um ambiente inteiro, que é compartilhado por todos.
A praia está imunda!
Muito além de invocar o serviço público para a coleta do lixo depositado nos latões – que é sua responsabilidade -, invoco o cidadão, para que leve o seu lixo consigo.
O lixo é nosso, foi produzido por nós, portanto, é de nossa responsabilidade. Assim como o ambiente é nosso, é por nós compartilhado e, também, nossa responsabilidade.
Se não cuidarmos do que é nosso, quem cuidará?
Lavou-se o ano de 2014, mas a sujeira ficou em 2015.
Eliane Vitorino de Moura Oliveira – LIA
Leitora Brasileira – USTP

Acumulação de lixo nas praias urbanas de São Tomé

Ligação:

http://www.telanon.info/suplemento/opiniao/2015/01/11/18407/lavou-se-o-ano-velho-e-a-sujeira-ficou-na-praia/

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